Só se fala nisso... Na escola, na academia, no escritório, no barzinho, o que é assunto do momento vai aos poucos se tornando a preocupação com o futuro.
A crise da água.Como chegamos a esse ponto, quem é o culpado, como consertar
o estrago? Muitas perguntas, muitas variáveis e algumas conclusões. A estiagem
dos últimos dois anos no sudeste e nordeste não é a maior vilã desse caos. O
descaso com a natureza é o principal fator que nos trouxe até o cenário atual,
em especial, o desmatamento e desrespeito às áreas de mananciais. A cidade de
São Paulo com seu crescimento desenfreado acaba de provar que espaço físico é
só um item a ser considerado. O cidadão reivindica espaço para morar e nem
sempre o governo consegue atender. Então ele instala-se precariamente onde
tiver espaço, mas não tem emprego, escola, saúde ou infraestrutura. E agora
também fica sem água. Ele e todo o restante da população.
Fazendo diferente. Infelizmente
“o que está feito, está feito” (mesmo que mal feito!) e o que faremos daqui
para frente é que vai fazer diferença. Mudanças machucam, mas nesse caso “não
mudar” não é uma alternativa, concorda? Então,
o que pode ser diferente?
Soluções. Dizem que em meio às crises é que nascem
as melhores ideias. Há uma avalanche delas na internet, veja algumas (fonte
site zh.clicrbs.com.br) incrementadas por nossa opinião:
- Racionamento. A primeira reação da população é negativa, quase de revolta. Mas com horários e dias definidos e respeitados, as pessoas podem se programar. O custo é baixo (divulgação) e a implantação pode ser imediata.
- Descontos e Punições. Modifica os hábitos da população “a fórceps”, mas se o racionamento for implantado antes, a coisa tende a ser menos dolorosa. O custo também é baixo e pode-se implantar a qualquer momento. Nesse cenário, tem papel importante a instalação de equipamento de medição individualizada em edifícios.
- Água de reuso. Retirar água das redes de esgoto e tratá-la para reaproveitamento ainda é visto com preconceito. O custo é alto e a implantação demorada. Por isso não parece ser uma solução apropriada para o momento que exige medidas urgentes.
- Desperdício. Reparos das redes e monitoramento para evitar ligações clandestinas resultariam em uma significativa economia de água. O custo é alto e implantação demorada, pois a maioria das tubulações brasileiras é velha.
- Mudança de hábitos. Conscientizar a população que água não é commodity, pelo contrário, é um bem precioso e esgotável. Custo baixo e implantação imediata. O ponto mais positivo é que uma vez conscientizada, a população repassa o comportamento para as próximas gerações e o efeito disso é duradouro.
- Mananciais. Despoluir e proteger mananciais são pontos vitais para garantir a sustentabilidade. É caro e demora, mas é possível transformar rios tão poluídos como o Tietê (em São Paulo) em fontes de abastecimento.
- Novos sistemas. Simplesmente buscar água em outro lugar não parece ser a melhor medida a tomar. Demora em média 5 anos e custa caro. Se não mudarmos os hábitos, em algumas décadas o que faremos? Vamos buscar outros mananciais para secar?
- Dessalinização. Tirar o sal da água do mar consome muita energia e pode danificar o meio ambiente. É demorado, custa caro e bombear água para cidades acima do nível do mar como São Paulo (situação mais crítica hoje) traria custo extra.
- Transposição de rios. Canais de concreto que desviam água dos rios para outras regiões é uma solução que custa caro, demora e ainda pode trazer danos irreversíveis ao meio ambiente. No Brasil a transposição do São Francisco já custou o dobro e só deve ser concluída no ano que vem.
- Aquíferos subterrâneos. Garantiria abastecimento por longo tempo não dependendo de chuvas. A exploração deve ser cautelosa para evitar contaminação e esgotamento. O custo e prazo de implantação dependem sempre da localização/ profundidade das águas subterrâneas.
- Águas pluviais. A falta de incentivo e informação impede o aproveitamento da água da chuva. Cisternas podem ter custo moderado (quando pequenas) e são rapidamente implantadas. Reduziriam a dependência do sistema convencional de distribuição.
- Condensação de água. Existem máquinas que transformam a umidade da atmosfera em água potável. Funcionam bem em pequenas populações, pois em larga escala podem causar danos ambientais e à saúde. A implantação é rápida e relativamente barata (250 litros/dia por US$5).
Entretanto, qualquer coisa que a engenharia seja capaz de fazer, mesmo a mais brilhante das soluções será ineficaz se
não houver a consciência coletiva sobre o problema e uma mudança no
comportamento da população. Economia e uso racional da água, assim como
respeito ao meio ambiente são hábitos e valores determinantes para começarmos a batalha contra essa crise.
Engenharia e população, cada qual fazendo sua parte. E então ficamos aqui na torcida para que nossos governantes adotem uma conduta coerente com o esforço comum de toda a sociedade.
Engenharia e população, cada qual fazendo sua parte. E então ficamos aqui na torcida para que nossos governantes adotem uma conduta coerente com o esforço comum de toda a sociedade.
Silvia Lavagnoli
Gerente de marketing da ofcdesk.
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